Chegou a hora de os mais piedosos e os mais santos contarem aos menos piedosos e aos menos santos que, se eles são de fato assim, é unicamente por causa da graça, pois eles também têm os mesmos ou maiores embaraços que os demais. Chegou a hora de os mais piedosos e os mais santos terem a coragem de proclamar bem alto: “Nós somos apenas seres humanos, como vocês” (At 14.15). Chegou a hora de os que entrevistam os mais piedosos e os mais santos, e escrevem a biografia deles, afirmarem sem o menor receio, como a Bíblia faz, que o formidável profeta Elias “era um ser humano como nós” (Tg 5.17).
Já passou da hora de os mais piedosos e os mais santos revelarem que eles não têm uma santidade inata nem fácil. Potencialmente eles também têm inveja, raiva, olhos adúlteros, vontade de aparecer, desejos pecaminosos, momentos de desânimo, crises de depressão e talvez tenham até problemas na área da homossexualidade. Se eles de fato são mais piedosos e mais santos do que o cristão comum que aspira ser piedoso e santo, é porque levam a sério o que Jesus disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).
Os mais santos e os menos santos estão em um mesmo nível quanto à natureza caída, quanto à necessidade de perdão e quanto à fraqueza frente à tentação. Estes e aqueles são, ao mesmo tempo, atraídos por Deus e pelo mal. Ambos são tentados pela carne, pelo mundo e pelo diabo. O primeiro não é nenhum gigante e o segundo, nenhum pigmeu. A diferença não é essa, mas está no fato de que os mais santos consideram-se mortos para o pecado e o conseguem com o auxílio de Jesus. O Senhor ainda diz: “Quem está unido comigo [a Videira] e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5). Já os menos santos ainda estão engatinhando e escorregando por outro lado.
Em qualquer momento os menos santos podem entrar na fileira dos mais santos e os mais santos, se não tomarem cuidado (I Co 10.12), engrossar a fileira dos menos santos!
Chegou a hora de tirar a roupa e mostrar a nudez natural, que começou no Éden e que o anjo da igreja de Laodicéia ignorava ou escondia (Ap 3.18). Para o bem de todos – dos agora mais piedosos e mais santos (para intensificar neles o sentimento de humildade) e dos agora menos piedosos e menos santos (parra arrancar deles o sentimento de fracasso). Texto extraído da Revista Ultimato
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