Qual a imagem do Senhor Jesus que está em seu coração e sua
mente? Frequentemente as pessoas alimentam a imagem do Cristo sofredor, pregado
no madeiro e humilhado diante de todos. Fortalecer esse sentimento em
detrimento do Cristo ressurreto tira dos cristãos o equilíbrio necessário para
viver a fé pura, limpa e transformadora.
A cruz foi um elemento essencial no projeto de resgate e
salvação do ser humano, pois foi nela que Jesus pagou nossos pecados e por seu
amor e fidelidade cumpriu a justiça de Deus, contudo a ressurreição é a
realidade na qual vivemos, nos movemos e existimos (At 17:28).
Os dois últimos versos da narrativa do Evangelho de Marcos
contemplam os quarenta dias que Jesus ficou com eles – “depois de lhes ter falado”, e revelam a realidade do nosso Senhor
– “foi recebido no céu e assentou-se à
destra de Deus”. Não podemos
conceber uma fé centrada no Cristo sofredor como reação de lamento e
compensação. – “Se Cristo sofreu o que
sofreu, devo também fazer algo por ele...”. O sofrimento fez parte do
sacrifício impulsionado pelo amor do criador por todos nós. Se o impulso da
nossa fé não for o amor, não conseguiremos alcançar o padrão estabelecido.
Valorizar o sacrifício mais do que o amor resulta em desequilíbrio
até mesmo em nossos relacionamentos interpessoais e em nossa vida espiritual
não é diferente. Nesse período litúrgico da Paixão de Cristo, certamente nos
emocionaremos com leituras, vídeos, músicas e outras expressões artísticas que representam
o que Jesus sofreu, no entanto nossa fé, agora e sempre está posta NAQUELE que viu o fruto do seu penoso
trabalho e ficou satisfeito (Is 53:11), NAQUELE
que tem um nome acima de todo nome (Fl 2:9), NAQUELE que está sentado à destra do Pai. Aquele que veio como cordeiro, virá outra vez, agora como leão. O Cristo ressurreto é a nossa
Páscoa, Ele é o nosso Deus. Amém!